Assim que descobri as Crónicas da Maternidade foi paixão à primeira leitura. Cada vez gostava mais daquilo que a P escrevia, ria-me, identificava-me, comentava. Gosto da forma como ela escreve e o que escreve. Gosto que escreva o que pensa, que não ceda à tentação de ser cutchy-cutchy e se tornar apenas mais uma mãe com um blog…Faz uma coisa que me agrada muito: responde quase sempre aos comentários e convida muitas vezes a malta a escrever a crónica desse dia. E numa dessas vezes fui eu a cronista (e mais outra vez). E passámos a “falar” às vezes. Agora pedi-lhe que me falasse dela e do blog como a um desconhecido e aqui está o que a P muito simpaticamente escreveu:
Quando fiquei grávida, eu era uma empresária e tinha acabado de me fundir com um grande grupo empresarial.
Trabalhava alegremente 12 horas por dia.
Ia ao ginásio 3 vezes por semana. Mesmo grávida.
Chegava a casa muitas vezes entre as 9 e 10 da noite e eu e o M falávamos sobre trabalho.
A adrenalina era brutal.
E assim, quando a Clara nasceu e viemos para casa, eu era um veículo em alta velocidade que tinha acabado de sair de uma auto-estrada a 140 km/h para entrar numa localidade de 20 km/h.
Depois vieram os dramas da maternidade: não dormir, não ter leite, estar dorida, etc.
Mas no meio disto tudo eu estava muito feliz porque conseguia usar o iPhone para ver e enviar e-mails, aprovar orçamentos e gerir projectos enquanto tomava conta da minha filha.
Lembro-me de ter começado a escrever crónicas à noite, tipo 4 AM.
Quando toda a gente dormia, excepto eu e a Clara, o meu cérebro estava a mil e precisava de ser usado.
Não estando a trabalhar, comecei a escrever sobre o que me estava a acontecer: ser mãe.
O tempo passou. Fui enganada e fechei o meu negócio e passei a mãe a tempo inteiro.
Parei de escrever uns tempos por ter de lamber as feridas da auto-estima.
Até que um dia, a minha mãe, pessoa pragmática de cabeça e bruta de palavras, me diz: toda a gente adorava o que tu escrevias, só não o fazes a sério e assim ganhas uma ocupação porque não queres.
Ela tinha razão. Há uma série de coisas que não fazemos por medo. Escrever o que penso num blog deixou de ser uma delas.
Sent by Big Mamma on The road
E cá está o artigo que mais gostei (entre muitoooos):
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