Não fui a tempo de sair, antes de ficar retida numa fila de carros no IC. Pensei que fosse um acidente, olha que chatice, e eu que venho sempre com o tempo contado. Pensei que devia ter sido mesmo agora, porque ainda não estava a polícia a desviar o trânsito para aquela bendita saída. Mais à frente percebi que se tratava de obras na estrada. Pensei onde raio estava alguém a fazer sinal lá atrás para o pessoal sair, a avisar que havia fila. Já a mais de meio, vejo um senhor das obras, o especado, com o seu colete refletor e um sinal daqueles de mão, verde de um lado, vermelho do outro, parado, de lado…ali de facto, o especado não estava a fazer nada. Podia ter ficado chateada, porque o senhor era preciso era lá atrás, para ser útil, mesmo que estivesse especado.
Não havia quase carros a chegar aos semáforos, que estavam verdes, mas o carro à minha frente ia devagar, muito devagar. E o semáforo verde, muito verde. A pessoa que o conduzia, a distraída, é daquelas que vai devagar com o semáforo verde e já quase em cima dele, é que acelera a fundo e depois passa no vermelho. E eu parei. Podia ter ficado chateada, porque fiquei ali mais um bocado parada por causa da distraída.
Num cruzamento, uma jovem atrapalhada deixou o carro ir abaixo, dois carros à minha frente. E a condutora que vinha na outra estrada, a simpática, parou e deixou-a resolver o assunto. A atrapalhada tentou, mas voltou a deixar o carro ir abaixo várias vezes. A simpática esperou pacientemente. A atrapalhada finalmente conseguiu e seguiu. E o condutor que estava à minha frente e atrás da atrapalhada, o chico-esperto, aproveitou a deixa e seguiu também, aproveitando-se da simpatia da simpática. E ela, a simpática, e eu, a-que-tem-a-mania-que-observa, olhámos uma para a outra. Podíamos ter ficado chateadas. Em vez disso, rimo-nos à gargalhada.
E assim se começa o dia.
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