Serão as crianças felizes apenas por serem crianças? Será a felicidade genética? Será que se transmite pela educação? Será que a sociedade tem em conta a felicidade das crianças nas acções e decisões que toma?
Estas questões matutam na minha cabeça há alguns meses, depois de um amigo ter visto um vídeo em que aparecem várias crianças e ter-me dito “nota-se a felicidade no olhar das tuas filhas”. Fez-me pensar. Fez-me reparar no olhar dos meus filhos.
Estas questões voltam sempre ao meu pensamento de cada vez que algum dos meus filhos diz “estou muito triste”. Como no outro dia, o mais novo na hora de deitar, choramingava “Eu não estou feliz. Estou muito triste”, “Porquê?”, “Porque eu queria ir para a sala”.
Estes pensamentos ecoam na minha memória de todas as vezes que me recordo que não fui uma boa mãe, que gritei e que não fui uma pessoa feliz ao lado deles.
Depois a questão passa para outro nível na minha cabeça. Terá a tristeza um papel importante na nossa vida? Precisaremos de sentir tristeza de vez em quando, de termos períodos em baixa, para voltarmos a estar em alta? Será a tristeza saudável, às vezes?
Ouvimos tantas vezes os pais dizerem “eu só quero que ele seja feliz” em relação às opções que os filhos tomam, no percurso que decidem seguir, na escola, no desporto, nos relacionamentos. Mas será que fazemos mesmo tudo o que está ao nosso alcance para os nossos filhos serem felizes? As opções que tomamos serão as certas?
No relatório mundial de felicidade de 2018 ficamos a saber quais os países mais felizes do mundo na voz dos que lá vivem e migraram para lá. As pessoas têm confiança no seu país e investem no seu bem-estar, o que as torna felizes. Afinal parece que a felicidade depende das mesmas coisas para as pessoas que se sentem felizes.
Afinal do que precisamos para sermos felizes? Dinheiro, carreira, estatuto social? Bons carros, casas e telemóveis? Do que precisam as nossas crianças para serem felizes? Brinquedos de última geração, telemóveis, roupa cara? Ter melhores notas que os outros, ser popular, competir?
Este assunto tem vindo ao meu pensamento e coração constantemente. Serei eu uma pessoa feliz? Saberão os meus filhos que eu sou uma pessoa feliz? Será justo para eles não lhes dar a oportunidade de viverem com uma pessoa feliz? Será justo para eles, eu que os trouxe ao mundo e sou uma das pessoas responsáveis por os educar, não lhes proporcionar ferramentas para decidirem ser felizes, para optarem por se sentirem felizes mesmo quando tudo à volta puxa para a tristeza? Será a felicidade um valor a transmitir aos filhos junto com gratidão, solidariedade, empatia, respeito?
Diz-se que a felicidade está nas pequenas coisas. Serão mesmo pequenas ou serão apenas simples?
6 Comentários
Vânia Trindade
21 Março, 2018 às 17:14Já dizia o outro: “O essencial é invisível aos olhos” 🙂
http://ourpicturingdays.blogspot.com
mamã cereja
26 Março, 2018 às 12:35Tão verdade!
Maria Joana Alcobia Botelho
20 Março, 2018 às 14:27Olá, mãe
Eu penso que o que faz os nossos filhos serem felizes é serem e sentirem-se amados! E amá-los é acima de tudo, respeitar a sua essência, a sua personalidade, o seu espaço e a sua liberdade! Quando uma criança é amada desta forma é com certeza uma criança com uma elevada auto-estima e muito FELIZ!
O resto é só conversa….
mamã cereja
20 Março, 2018 às 15:57A auto-estima é mesmo importante para se ser feliz…:)
Patrícia Jordão
20 Março, 2018 às 14:26Acho que as crianças conseguem ser felizes com coisas simples. Considero que, no caso delas, seja importante saberem dar valor a momentos bons e menos bons, mas não acho fundamental terem de conhecer a tristeza para valorizarem a alegria. Eles simplificam, nós complicamos…
mamã cereja
20 Março, 2018 às 15:55Tens razão…nós é que complicamos!