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Letras Pequeninas #2 – O Principezinho

21 Janeiro, 2016

Como não tivemos oportunidade de ir ao cinema ver o “Principezinho” (ou com a minha filha diz “O Princesinho”) o Pai Natal teve a generosidade de nos trazer o livro do filme para que pudéssemos inteirar-nos da história, na nossa hora do conto. Achei, inclusive, que era uma óptima maneira de entrarmos em contacto com a famosa obra de Antoine de Saint-Exupéry e suscitar-lhes a curiosidade para a mesma – penso, aliás, que seja esse um dos objectivos do filme.

É a história de uma menina que para corresponder às expectativas da mãe, não consegue ser criança. Convicta que só assim será uma adulta realizada e de sucesso, a mãe fez-lhe “um “, plano de vida” que ela tem de obedecer rigorosamente. Nesse “plano de vida” todos os momentos estão planeados ao minuto. Existem horários para tudo, e não há espaço para a espontaneidade e muito menos para quebrar as regras. A menina conhece então o velho aviador que vive na casa em frente e que se torna o seu melhor amigo (uma relação discutível, tendo em conta o ambiente de paranóia em que se vive actualmente, diga-se de passagem). É ele que, ao longo da história, lhe apresenta o Principezinho, a Raposa e a Rosa e lhe mostra a importância de sabermos brincar, sonhar e mantermos presente a criança que fomos, outrora, pois só assim seremos adultos capacitados para a felicidade. Como o meu filho repete vezes sem conta, imitando a voz do velho aviador: “Crescer não é o problema. Esquecer, é!”. Adoro ouvi-lo dizer isto, por isso peço-lhe montes de vezes que mo relembre.

Nem todas as mensagens do livro são claras para as crianças. Há muitas metáforas ainda difíceis de decifrar, por eles. Mas é isso que torna o livro interessante. De todas as vezes que o lemos, descobrimos ou percebemos algo novo, como o “Só se vê bem com o coração” ou o significado de criar laços. Acho que mais que qualquer outra coisa, é um manual de inteligência emocional, e isso é bom, tanto para crianças como para adultos.

Eu aconselhava-o a todos os pais que sobrecarregam os filhos com actividades extracurriculares e aos professores que acham que duas horas diárias de trabalhos de casa, depois de um dia inteiro na escola, são fulcrais para formar adultos bem sucedidos.

by

Marta, autora do blog Um Dia Acabo o Livro, onde partilha histórias e momentos da sua vida com dois filhotes e um cão. Curiosa e atenta, adora fotografar e escrever. Colabora com a mamã cereja nas escolhas de livros infantis

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