Descobri recentemente a página Crónicas da Maternidade (onde é que eu andava???) e fiquei logo fã. A P é uma mãe a tempo inteiro e tem uma menina muito fofinha. Escreve de uma maneira que me agrada muito, real, com muito humor. E começou a fazer uma coisa que eu defendo: anda com a garota para todo o lado, experimenta lugares e actividades, e depois vem contar como foi, se os locais são baby friendly (#babyaboard).
Lançou o desafio aos seguidores de escreverem a crónica do dia e quem tivesse mais likes e ela achasse bem, ganhava a escrita da crónica e também uma mantinha de bébé. Eu dei o meu bitaite, até porque hoje em dia, se gostar do artigo, concorro a tudo o que é passatempo, e vai daí, apesar de não ter ganho, ela pediu que escrevesse na mesma a dita crónica. E foi esta:
“CRÓNICA DE UMA GRÁVIDA COM FILHOS QUE NÃO VÊ OS PÉS HÁ MUITO TEMPO
By Carla Miguel
Estou grávida pela segunda vez. E vou ter o terceiro filho, um menino. Da primeira vez, eram gémeas que hoje têm 3 anos e meio. Corajosa, louca, feliz, nasceste para ser mãe, agora que começavas a ter descanso meteste noutra…tenho ouvido isto tudo. Mas o que ninguém me disse, é que estar grávida com filhos é diferente de estar grávida sem filhos.
Comecei a vestir calças de grávida, que tive que ir a correr buscar a casa de um amiga a quem as tinha emprestado, logo às 10 semanas. Da primeira vez, foi só lá para as 15, e porque eram gémeas, até lá usava leggings e coisas mais largas.
Agora deixei de ver os pés muito cedo, para aí às 20 semanas. E nesse dia também deixei de ver logo o calçado com atacadores.
Uma mãe anda muito de gatas. Apanha peças de lego, bonecada, cabeças das pin & pon, tampas de canetas de feltro, ganchinhos, restos de comida, arroz, massa, salsichas, ervilhas, qualquer coisa próxima de matéria extraterrestre.
Uma grávida com filhos, quando vê algo a cair no chão, faz de conta que não vê, pede ao marido que apanhe, dá um pontapé para debaixo do sofá, põe as filhas a brincar às arrumações e faz uma introspecção de 5 minutos em que repete exaustivamente “eu não quero saber, eu não quero saber”.
Uma mãe dá muito colo, muito, a dobrar no meu caso. Dá colo quando acorda, dá colo para as levar para a cama, dá colo na rua quando a franganita loira diz “estou cansada, não consigo andar”, dá colo quando a morenita está a fazer birra para controlar a cachopa.
Uma grávida com filhos dá menos colo; às vezes esquece-se que tem a barriga gigante e pega ao colo nas filhas e desata a levar joelhadas na barriga, e sente o puto aos pontapés lá dentro e arrepende-se. Passa a dar cavalitas…não é tão bom, mas para uma mãe grávida de 29 semanas é muito melhor.
Uma mãe anda bem disposta, não tem enjôos, não tem azia, não lhe doem as costas…(ou melhor, doem, mas menos), não tem um peso enorme na barriga, não está atafulhada em artilharia, faixa de gravidez, calças de grávida e soutiens dois tamanhos acima. Anda cansada, mas pode beber um vinhito. Anda irritada, mas consegue acalmar-se se parar um bocadinho.
Uma grávida com filhos que não vê os pés há muito tempo, sai da mesa a correr para ir ao gregório porque na noite anterior esqueceu-se de tomar o nausefe e tenta que as crianças não vejam, tem a camisola cheia de nódoas na barriga porque não consegue chegar-se bem à frente na mesa e nem sabe como pedir às miúdas que não se sujem, está cansada e sabe que vai piorar, pensa em beber uma minizita, mas ao mesmo tempo tem medo, as hormonas dão cabo dela e irrita-se por tudo e por nada, e perde a paciência com as filhas e berra muito.
Uma mãe anda feliz. É mãe, tem uma família, ama os filhos acima de tudo o que existe na Terra e fora dela, faz tudo por eles, esquece os problemas no exacto momento em que os filhos a abraçam. Uma mãe tem tudo.
Uma grávida com filhos que não vê os pés há muito tempo, anda feliz. Tem tudo o que tinha antes de estar novamente grávida e ainda tem duas filhas a falarem com o mano, a fazerem festinhas na barriga, ansiosas por saber quando nasce o mano, a serem as pessoas mais ternas deste mundo.
Uma mãe grávida tem tudo e mais um filho.”
Escrevi o texto em pouco tempo, enviei-lhe, ela gostou, publicou e as respostas não tardaram a surgir. Foi uma experiência muito boa, ler comentários de muitas pessoas que não me conhecem do lado nenhum. A P disse que me queria enviar uma outra prendinha, eu disse que não era preciso, que tinha feito a crónica só porque ela tinha pedido, ela mandou na mesma e chegou ontem. Dois individuais lindos, super originais, da UVA homewear, muito bem acabados e cheios de pormenor. E eu que estava mesmo a precisar que os meus têm tantas nódoas e estão tão desbotados!! Ainda nem tinha tido tempo para os ver bem, já as cerejinhas estavam a fazer um piquenique no chão da sala com os ditos individuais. Quando cheguei para tirar a foto, afinal estavam em cima de uma caixa, com tudo a postos para o lanchinho.
E depois, a cerejinha L foi estendê-los mais outras coisas (ensinei-lhe a usar as molas, a apertar com as mãos e ela é que fez tudo sozinha).
E tem sido um dia bom, apesar da cerejinha L ter ameaçado com febre de manhã e eu ter decidido que ficavam as duas em casa. E até fiz o almoço…quer dizer, o pai cerejo teve uma reunião à hora do almoço e deixou quase tudo preparado. Eu só tive que acabar. E quando ele telefonou a saber se estava tudo bem, já tínhamos almoçado e a cerejinha L pediu o telefone e disse logo ao pai: “hoje a mamã conseguiu fazer o almoço!”. Toma e embrulha, mãe!
Bom fim-de-semana gente da cor das cerejas (e do morango, eheheh).
(vão lá fáxavor espreitar a página da P…e da UVA…e olhem que eu para estar a dizer para irem fazer alguma coisa, é porque gosto mesmo dessa coisa)
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