Onde estavam no dia 19 de Janeiro de 2013?
Um texto repescado do facebook só para desenjoar dos escritos da maternidade e coisa e tal (e a piscar o olho a comentários de homens só para não dizerem qu’este blog é só para gajas e coisa e tal)
Manual de sobrevivência para mais de 24 horas sem luz
No fim-de-semana passado, como toda a gente se lembra, fomos assolados por um temporal que não deixou ninguém indiferente. Cá por casa, a partir das 11h de sábado, não houve luz até ao final do dia seguinte. Muitos amigos continuaram sem a dita energia durante vários dias e posto isto, resolvi partilhar a minha experiência e editar este manual. Sei agora que alguns tarecos que estive quase para deitar fora, salvaram o fim-de-semana, bem como o facto de ter fogão a gás.
1 – Afinal as velas decorativas e afins dão MUITO jeito. Eu não sou nada freak das velas: passei a ser. Mas há uma linha de orientação para comprar velas. Ter duas ou três das decorativas e com cheiro, chega. A seguir, apostem num bom castiçal para colocar, pelo menos, 6 velas compridas (brancas, do mais barato que encontrarem) e em velas que venham em recipientes transparentes. Encostem o castiçal a uma parede branca para terem mais luz. Fósforos ou isqueiros, também é preciso ter em quantidade.
2 – Pilhas, muitas pilhas. Já tinha uma lanterna que funciona a pilhas, mas se não houver pilhas (e assim escrevo 4 vezes a palavra pilhas na mesma frase…5, agora), de que adianta ter a lanterna, certo? Também serviram para alguns dos itens abaixo.
3 – Quando se vive na era da informação, se está debaixo de um temporal, não se tem luz, tv, telefone e net, entra-se em parafuso. O meu moço tinha comprado, por altura da guerra do Golfo, um rádio de ondas curtas que funciona a pilhas (lá está) e trouxe-o de Macau e estive quase para o encaixotar num sítio onde nunca mais seria visto. Deu imenso jeito, porque assim estivemos ligados ao mundo.
4 – Como se entretêm duas crianças de quase 20 meses, sem luz? Ah e tal, cantar, jogar, brincar. Pois, mas a mãe canta mal cumó caneco! O papá tinha comprado para as cachopas um órgão a pilhas (outra vez) que tem músicas pré-gravadas; serviu para passarmos o tempo a dançar e a fazer coreografias.
5 – Comida. Com água e gás, mesmo sem luz, tudo é possível. O frango que tinha sido descongelado para assar no forno, passou a guisado com cebolada. Mas e a sopa para as meninas se não há luz para a varinha mágica? O passe-vite com alguns anos que nunca o moço me deixou deitar fora, resolve a coisa. Mas dá cá uma trabalheira. Opção: fazer canja e os legumes são comidos junto com a refeição. Aquecer o leite? À antiga, no fervedor, no fogão. E o que está no congelador? Felizmente, a arca estava nas últimas, mas decidimos cozinhar primeiro o que já está mesmo descongelado, convidar a filha dos vizinhos para jantar, cozinhar entradas típicas das festas (camarões, ameijoas, por aí). Felizmente, também, é inverno e o frigorífico não aquece depressa e assim, podem-se ir comendo os iogurtes, a manteiga, o fiambre, o leite.
6 – Café. Para uma viciada, que fica com uma monumental dor de cabeça se não bebe café de manhã, isto é um verdadeiro drama. Valeu-me a cafeteira, clássica, de enroscar e ter café moído em casa. Para quem só tem máquina de café a pastilhas, tenham sempre um pacotinho pequeno de café moído para estas eventualidades.
7 – Banho. Não há e pronto. Porque a caldeira, mesmo sendo a gás, precisa de estar ligada à eletricidade, porque é digital e programável e blábláblá. No caso das meninas, é mais problemático. Já estava preparada para dar banho na sala, em frente à lareira, numa banheira de bébé que estava lá para dar a alguém, a aquecer panelas de água no fogão. Só visto. Esperei até à última. A luz veio, mesmo quando já tinha tudo preparado.
8 – Aquecimento. Quem tiver lareira ou salamandra, está safo, desde que tenha lenha em casa, claro. Quem não tem, veste mais camisolas e meias e anda a correr e a saltar pela casa.
9 – Telemóvel. Lá em casa, houve telemóvel, mas estavam quase a ficar sem bateria. Aqui a miúda tem sempre um carregador de telemóvel no carro…dá jeito, não dá?
10 – Corolário positivo: para quem andava preocupada com a conta da luz e a tentar poupar em alguma coisa, naquela casa não se gastou um cêntimo em mais de 24 horas.
11 – Resposta para quem diz “ah isso é agora que toda a gente está mal habituada, porque no meu tempo, não tínhamos luz, nem frigoríficos e fomos criados”. “Então, vou ali desligar-lhe o contador da luz e arrancar os fios todos, e assim passa a viver como antigamente já que era tão bom”. Hummpfff! É irritante isto, não acham?
Bom fim-de-semana!
2 Comentários
Té
23 Fevereiro, 2015 às 15:22Gosto muito… devíamos de vez em quando retirar estas coisas da nossa vida… 🙂
mamã cereja
25 Fevereiro, 2015 às 12:58Obrigada 🙂