Uns amigos desocuparam uma casa depois da infelicidade de terem perdido o pai dele. Nem imaginavam o que iam encontrar, anos e anos de vida, de coisas, de histórias e, muitas vezes, de tralha. Encontraram muitas colecções. De postais, canetas, lápis, caixas de fósforo, tanta coisa. Lembrei-me que ser coleccionador é giro. Coleccionar é um hobby, é um vício que faz bem, mas para o qual é preciso muito tempo para se ter a colecção arranjadinha.
Sou coleccionadora de pacotes de açúcar. Daqueles que vêm com o café. Desde os seis anos. Desde um dia, numas férias na Figueira da Foz, em que o meu pai me deu o pacote de açúcar que não usava e que tinha um gatinho castanho. Disse: ” podias fazer colecção de pacotes de açúcar”. Pois podia! E assim fiz. Tenho milhares. Já soube quantos, agora não faço ideia. Vou juntando, mas estão para ali em sacos de plástico à espera de serem catalogados e arquivados. Há todo um ritual. Tira-se o açúcar por um pequeno corte junto à zona de fecho e onde não esteja nada escrito e na “parte de trás” do pacote. Classificam-se por embaladora/torrefacção: Delta, Nicola, Sidul, por aí fora. E depois pelo que têm escrito. Arquivam-se em minas daquelas para os calendários. Há também as colecções sobre um tema, como aqueles amarelos da Nicola. E aqueles fininhos compridos, os sticks. E por fim, os estrangeiros. Tenho de muitos países onde nunca estive e talvez nunca venha a estar. Pedia aos amigos para me trazerem. E nessas viagens, os amigos lembravam-se de mim quando bebiam um café e guardavam o pacote de açúcar para me darem. E muitos contam histórias, ou marcam o nosso dia, ou deixam-nos a pensar, ou tiram-nos um sorriso.
Será que as cerejinhas e o moranguito se vão interessar pela minha colecção de pacotes de açucar? Será que a vão continuar?
(já devem ter reparado que não escrevo de acordo com o acordo…colecção…coleccionador…coleccionar…tumbas!)
(uma seguidora do blog, há uns tempos, também escreveu sobre o mesmo aqui)
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