- Desejo ardentemente recuperar a mobilidade há muito perdida.
- Por mim, era já hoje, já agora.
- Tento lavar a loiça à mão, quase que não consigo chegar à torneira e quando acabo, tenho que ir mudar de camisola porque está toda encharcadinha na zona da barriga
- Acordo fresca e deito-me de rastos.
- Arrependo-me de ter comprado sofá baixo, cama baixa, móveis baixos, porque tudo o que quero está ao nível dos joelhos e se me baixo, já não sei se me levanto.
- Agradeço ter-me lembrado de entrar nesta jornada quando as gémeas já têm 3 anos, porque antes disso teria sido a verdadeira loucura.
- O garoto vai sair aos berros, de certeza, tal é a quantidade de berros que ouve ao longo do dia, pois a pachorra é pouca e as birras são muitas.
- Também vai ser muito meiguinho, porque passamos muito tempo aos abracinhos e beijinhos.
- As calças de grávida já não me servem e ainda bem que estou em casa, porque não tenha nada de apresentável para andar na rua nem vou agora gastar dinheiro em roupa de grávida.
- Tenho uma saia e dois vestidos, dois collants e umas leggings que passo a vida a lavar.
- Tenho duas camisolas largas emprestadas, uma minha com buracos e outra com borboto na barriga que retraem toda e qualquer mão de me tocar na barriga, embora eu não me importe.
- Visto os pijamas do marido; os que tenho largos e as camisas de dormir estão já na mala da maternidade e uma vez fechada, não a volto a abrir.
- Oiço a toda a hora “está quase, não está?”
- Respondo a toda a hora “sim, está”, mas penso a toda a hora “não, caneco, ainda não tenho nenhuma contracção de parto, só daquelas de braxton-coiso, não me saíu o rolhão, o líquido tá cá todo e eu estou fartinha”.
- Ainda não escolhemos o nome da criança e nem se prevê para breve fumo branco nesta casa.
- Pergunto-me se deveria ler as previsões do signo capricórnio.
- Cada vez que me rio, espirro ou tusso, faço xixi nas cuecas (encontrar 38 reflexões não é fácil, pá!)
- Começo a explicar às filhas que vou ter que ficar três dias fora de casa, respondo a imensos “porquês” sem estar muito certa de que estou a responder bem. Delineamos estratégias para se a coisa se der durante a noite, ou for preciso as meninas ficarem em casa de alguém.
- Penso muito no depois “do mano nascer”, se vou conseguir dar conta do recado com três criaturas lindas, se vou conseguir dar mimo e colo às filhas e ao filho.
- Penso se vai ser como da outra vez, que só comecei a gozar as miúdas aos três meses. Até lá era uma rotina de alimentar, tratar e higienizar tão extensa e envolvente que demorei a sentir aquele amor de mãe.
- Quero recuperar a mobilidade para fazer várias coisas que não faço há algum tempo. Mas depois tenho receio de entrar na rotina alimentar, tratar e higienizar, e as meninas chegarem a casa e eu ter tudo para fazer na mesma.
- Deixei o cabelo por pintar para ter uma desculpa para sair de casa quando o filhote tiver nascido.
- Tenho a certeza que vou ficar com a barriga cheia de estrias e estragada, e fazer parte daquele grupo de mulheres que não gosta da barriga, mas sabe que é pela melhor razão do mundo.
- Dou conta que devia ter ido à depilação.
- Assim como assim, já que estou em fim do tempo e passei no teste da diabetes, como o que me dá na real gana e ainda é natal cá em casa.
- Vou ver se me desforro em caril, gengibre e azeitonas nas próximas duas semanas.
- Os três andares sem elevador vão dar muito jeitinho para quando for preciso acelerar a coisa.
- Sinto o peso da barriga quando ando, quando me sento e depois me levanto, quando tenho que vestir o casaco às meninas, quando tenho que apanhar algo essencial que caíu no chão, quando me viro na cama, quando me tento levantar do sofá, quando tomo banho.
- Estou muito feliz por ter tido uma gravidez tranquila.
- Estou muito feliz por ter duas filhas que estão a reagir bem.
- Estou muito feliz por ter um marido e um super-pai.
- Não corto as unhas dos pés há algum tempo.
- Já tive medo do parto, agora quero é despachar isto.
- Penso se deveria ou não preparar a roupa das meninas para quando estiver na maternidade e não ter um esgar de horror quando elas me forem visitar, por terem a camisola de dentro vestida por fora e collants amarelos com uma saia castanha.
- Decido confiar no bom gosto do pai e na capacidade de escolha das meninas.
- Não tenho fotos de grávida e estou sem pachorra para as tirar. Devia ser uma mãe e grávida fofinha com um álbum cheio de fotos lindas, mas eu ando tão de rastos, tão cansadinha.
- Constato que afinal não preciso de ter um quarto todo artilhado e preparado para a chegada do miúdo.
- Como é que vou aguentar mais duas semanas? Com tantas pontadas pélvicas, cansaço, energia de gémeas, asma ao rubro…tenho impressão que os exercícios de respiração para o parto são é muito importantes para esta fase final.
2 Comentários
Cátia
6 Janeiro, 2015 às 18:58Adoro…e como me revejo, apesar de ainda faltarem 10 semanas. Não tenho medo do parto, tenho medo de deixar o meu menino ao deus de arã, será que o pai vai dar conta do recado??? quando nao se tem ajudas até se treme…ja tenho nome quase desde o inicio…tenho meia duzia de roupa que ando sempre a lavar e so me sinto bem de pijama…recuso-me a falar do chichi porque me fato de lavar pijamas (esclarecida??). Não foi de todo uma gravidez calma, desde hiperemese, a taquicardias, chegou a bronquite que exigiu as bombas de symbicort e as hemorroidas que também me recuso a falar… Boa Sorte para ti e para mim
mamã cereja
8 Janeiro, 2015 às 21:08Também sou uma asmática e também tenho isso tudo. 10 semanas passam a correr, espero que algumas coisas melhorem…e outras vão piorar como a dificuldade em tratar do teu filhote, cada vez vai ser mais difícil vestir, dar colo, mimo, ter paciência…ai. Um beijinho e obrigada pelo comentário 🙂